Terrenoire, perto de St. Etienne,
17 de novembro de 1837.
Senhor superior:
Tenho a honra de vos remeter, anexa, a carta que recebi do pároco de La Voulte e a autorização que desejáveis obter do bispado de Viviers para o estabelecimento da nossa escola em La Voulte. Agora não vejo nada que se oponha a que os Irmãos tomem posse dos alojamentos que lhes estão destinados.
Desejaria que chegassem a La Voulte antes do fim do mês. Tudo está pronto para recebê-los, afora a mobília, que vós devíeis enviar-lhes. Tudo o que tiverdes que fazer descer será prontamente transportado pelos nossos barcos. Tende a bondade de endereçar tudo ao sr. Roy, agente da Companhia das Fundições e das Forjas do Loire e do Isère, em Givors, para ser expedido pelo primeiro barco ao sr. Vautré, em la Voulte, para guardar à disposição dos Irmãos. Há ordens para zelar pelo transporte e ordens para receber os Irmãos.
Penso que eles necessitarão de alguns dias para estabelecer-se convenientemente e tomar todas as disposições indispensáveis para começar as aulas, para registrar os nomes dos meninos que lhes forem apresentados e, enfim, para tudo aprontar para a sua conveniente instalação. Irei eu mesmo, por certo, no começo de dezembro, com alguns dos administradores da Companhia, para assistir à instalação da escola e à cerimônia religiosa, que provavelmente se realizará para consagrá-la.
Aqui em Terrenoire, creio que os Irmãos poderiam já estar no fim da próxima semana, que tudo estará terminado. Já foi feita a escada com que a velha cozinha se comunique com a nova sala de aula, bem como a janela que desejáveis para a antiga pequena sala de aula. A velha escada foi retirada e a abertura fechada. Desejaria, senhor, que viésseis agora a este novo local. Estou convencido de que o acharíeis muito bom.
Tenho a honra de ser, com o mais profundo respeito, caro superior, o vosso muito humilde e muito obediente servidor, GENISSIEUX Filho, síndico gerente.
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Notas
O sr. Etienne François Génissieux foi diretor administrativo da “Companhia de Fornos e Fundição do Loire e Isère”, com instalações em Terrenoire, La Voulte, Bessèges e Lorette. As instalações da Companhia em La Voulte, Ardèche, na margem direita do Ródano, eram consideradas na época, 1830, as maiores da França no ramo do beneficiamento do minério de ferro; comportavam quatro altos-fornos e várias máquinas de vapor. Esse rico industrial, residente em Terrenoire, era amigo e benfeitor do Pe. Champagnat. A ele o Fundador recorreu várias vezes para empréstimos de dinheiro. Foi o sr. Génissieux, em 1832, quem confiou a escola de Terrenoire aos Irmãos Maristas. A escola fora fundada sobretudo para os filhos dos operários da sua indústria. Contente com o trabalho dos Irmãos, o sr. Génissieux queria escola igual também em La Voulte. O Pe. Champagnat não podia negar-lhe os Irmãos; mas exatamente naquela época tinha surgido “a proibição aos Irmãos Maristas” por parte do vigário geral da diocese de Viviers, à qual pertencia La Voulte. Sabedor daquela determinação, o sr. Génissieux, em companhia do pároco de La Voulte, foi dialogar com D. Pierre Bonnel, bispo de Viviers, obtendo acatamento favorável (Carta 143). Com alegria o sr. Génissieux transmite ao Pe. Champagnat esse novo arranjo das coisas, renovando o apelo para que os Irmãos comecem a escola de La Voulte. Dá a conhecer algumas reformas executadas na escola de Terrenoire e oferece os préstimos das embarcações da sua Companhia para o transporte da mobília e material dos Irmãos.
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AFM 129.44