Carta de Pe. Jean-Benoît Balmon a Marcelino Champagnat

Saint-Martin-la-Plaine,
9 de outubro de 1839.

Até esse momento, acreditava que encontraria um dia para ir ter convosco antes da chegada dos queridos Irmãos, mas vejo claramente que não poderei. O nosso vigário está ausente por dez dias; não posso abandonar o posto, pois estou com diversos doentes.

Comuniquei ao sr. Bethenod o que me fizestes dizer pelo Irmão Innocent. Disse-me que podereis contar como certo que o pagamento da paróquia será confirmado este ano e que mesmo os atrasados dos anos precedentes serão desembolsados, para perfazer os pagamentos incompletos. Se tivesse dinheiro, enviá-lo-ia logo; mas, porque despendi muito este ano, não tenho vintém; até o meu cavalo foi vendido e comido. Na semana passada, muito conversamos com o sr. Bethenod, o sr. Ardaillon e o prefeito departamental acerca dos meios de terminar o estabelecimento de St. Martin; enfim espero que chegaremos logo a uma solução satisfatória.

Fiz depositar ontem um barril na adega do estabelecimento; hoje, com a graça de Deus e com a cooperação dos meus vinhateiros, espero enchê-lo. Assim, desejo vivamente que tenhais a gentileza de enviar-nos quanto antes os nossos caros Irmãos, para que tudo esteja pronto antes do dia de Todos os Santos. Faço preparar tudo na melhor forma que posso. Estai certo de que nada negligenciarei para a vossa inteira satisfação.

Aceitai a homenagem do respeito com que tenho a honra de ser, sr. superior, o vosso muito humilde e obediente servidor,
BALMON.

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Notas
O Pe. Jean-Benoît Balmon tinha sido colega do Pe. Champagnat em Lião, no seminário maior; os dois foram ordenados sacerdotes no mesmo dia. Comentamos anteriormente (Carta nº 94) as circunstâncias da fundação da escola de Saint Martin, em 1836. Apesar de toda a sua boa vontade, o Pe. Balmon não conseguia recolher dinheiro suficiente para o pagamento dos Irmãos e para construir casa mais apta para funcionar como escola, condição que o Fundador tinha imposto, para ceder-lhe os Irmãos. Talvez por deferência ao colega dos tempos de estudos, em vez de dirigir-se a ele, o Pe. Champagnat comunicou as suas exigências ao prefeito local sr. Joseph-Antoine Bethenod, a quem enviou três cartas no decorrer do ano de 1839 (Lettres, doc. 246, 291 e 303). Com tal estratégia obteve a conclusão da nova casa e, mais importante, conseguiu que a escola se tornasse comunal. A questão financeira ficou assim mais bem assegurada, facilitando as coisas para o Pe. Balmon, que “vendera para o açougue até o próprio cavalo”, para poder liquidar algumas dívidas .

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AFM 129.69

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