Carta de Mons. Simon Cattet, Vicaire général de Lyon a Marcelino Champagnat

Lião, 30 de novembro de 1832.

Senhor:

A guerra do reitor não deve surpreender-vos. Sob os auspícios de Maria, haveis de suportá-la com tanta coragem quanta prudência. Mandai que os Irmãos recitem todos os dias orações na vossa intenção. Não faleis senão a pessoas muito ponderadas sobre esses novos ataques, até que se esfumem. Quanto a mim, não veria senão vantagens em ter as cartas de afiliação com a obra do Pe. Chaminade. Seria arma útil, em caso de necessidade, com a cautela, porém, de não assumirdes compromisso com esse eclesiástico ou de vos pordes sob a sua dependência; mas aqui ninguém aprova a vossa ausência e, em particular, a vossa viagen a Agen para que obtenhais a afiliação.

Sua Excelência manifestou intenção de prosseguir nas suas diligências perante o governo, no sentido de que logreis a autorização. Deseja, por isso, que lhe remetais quanto antes a documentação que tendes em mão e que se reporta às nossas primeiras gestões.

Entre nós, tenho grande temor de que a autorização legal, neste momento, nos acarrete dois grandes inconvenientes, que receais como eu, quais sejam: 1° dependência da universidade; 2° comprometimento do imóvel, que poderia ser declarado domínio da universidade. Nada arriscais com indicardes a Sua Excelência as vossas intenções e idéias a esse respeito, sem mencionardes os meus temores, mas sinalando-os como vossos. O sr. bispo é tão bondoso que não pode crer na malícia de todos esses miseráveis que nos fazem guerra.

No que tange ao sr. Dupuy, diretor de St. Etienne, gostaria de presumir as suas boas intenções para servir à causa correta nesta ocasião. Manifestai-lhe com franqueza a boa opinião que dele faço. Prestei-lhe alguns serviços e ele temerá contrariar-me, se fizer a menor coisa contra vós.

Sou, com grande afeição e devotamento, CATTET, vigário geral.

P.S. Falaremos desse assunto no próximo Conselho. Não vos esqueçais de enviar-me a documentação lavrada em Paris em 1830.

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Notas
O Vigário Geral anima o Pe. Champagnat a suportar com coragem e fé a “guerra” que o reitor da Academia de Lião, autoridade responsável pelo ensino na região, movia contra o Instituto, exigindo dos Irmãos o diploma oficial de ensino. Pressionado a encontrar uma solução, o Pe. Champagnat pensa em fazer acordo com o Pe. Chaminade, fundador dos Marianistas, cuja Congregação gozava de autorização legal. Conforme se disse no comentário da carta anterior, o Pe. Colin tinha aconselhado ao Pe. Champagnat viajar até Bordéus, para encontrar-se com o Pe. Chaminade. Nesta carta o Pe. Cattet apóia a idéia da afiliação com os marianistas, mas a sua posição diverge daquela do Bispo, pois D. Gaston de Pins desaconselha tal união e prefere oferecer os seus préstimos para nova tentativa de aprovação legal do Instituto.

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AFM 124.10

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