Senhor Pároco,
Muito grandes são as necessidades de sua paróquia, o quadro que delas o senhor nos traça atinge nosso íntimo e nos entristece sobremaneira, mas apesar de toda a boa vontade que tivéssemos para acudir a seu zelo, encontramo-nos na impossibilidade de o fazer, por ora.
Os compromissos que contraímos com vários municípios, faz muito tempo, esgotaram nossas reservas de pessoal, muito além do que se podia prever. Embora o mal talvez não seja tão medonho em nossas regiões, há muitas paróquias em que o zelo dos pastores tem muita necessidade de ser amparado pela influência de uma escola cristã e religiosa, para impedir que o contágio do mal se generalize. Quanto lastimamos não podermos acudir a todas as necessidades e não podermos atender a tantos pedidos que nos chegam!
Por outro lado, senhor Pároco, para ser viável um estabelecimento tão afastado e, por isso mesmo, sujeito a outras grandes despesas precisaria ter reservas que sua carta não parece mencionar.
Digne-se o bom Deus proporcionar a seu zelo os recursos para realizar obra tão importante e necessária e, a nós, o meio de corrermos em auxílio de seus caridosos projetos.
Tenho a honra etc.
Champagnat
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Notas
A carta do pároco de Saint-Gervais, de Paris, deu ao Padre Champagnat a ocasião de reconhecer outra grande carência, desta vez não tanto no sentido material. O bem-estar e o conforto das grandes cidades podem, infelizmente, ajudar a espalhar mais depressa os maus costumes, ao passo que os trabalhos do campo favorecem a saúde física e moral. É pena não termos a carta do Pe. Hugony.
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D’après la minute, AFM, RCLA 1, p. 188, nº 234