Carta de Marcelino – 320: Monsieur le Baron Joseph Marie de Gerando

Senhor Barão,

O pedido oficial que a cidade de Saint-Etienne acaba de me dirigir para conseguir alguns de nossos Irmãos, para que se ocupem da direção do estabelecimento de surdos-mudos, me leva a também solicitar a matrícula de dois Irmãos nossos no estabelecimento modelo do mesmo gênero, situado em Paris.

Há quase um ano que o senhor Diretor desta tão útil e interessante casa me honrou com uma carta, na qual solicitava da parte do Ministro, se eu continuava interessado em mandar formar alguém. A dificuldade de encontrar candidatos e a falta de um pedido explícito e oficial da parte da cidade de Saint-Etienne me deixaram indeciso.

Hoje essas dificuldades desapareceram e por isso me decidi a pedir-lhe que solicite, em meu nome, a admissão gratuita de dois de nossos Irmãos. O senhor conhece melhor do que eu todo o valor desta obra de beneficência. A cidade de Saint Etienne lhe guardará sempre uma gratidão imensa pelo favor que o senhor nos terá concedido, em nome dela. Eu lhe ficarei muito grato por esta demonstração de interesse de sua parte, por uma associação que insistentemente se recomenda à sua benevolência e a seu crédito poderoso.

Tenho a honra de ser…

Champagnat

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Notas

Esta carta, como a seguinte, foram, escritas no mesmo dia, tratam do mesmo assunto que é o caso dos surdos de Saint-Etienne.

Em princípios de 1838, a cidade de Saint Etienne manifestou ao Padre Champagnat a intenção de confiar aos Irmãos uma instituição destinada à educação de surdos-mudos. (Cf. Carta no 177) Champagnat respondeu que este gênero de apostolado correspondia ao carisma da Congregação (cf. Carta no 323).

Quando esteve em Paris, foi solicitar a matrícula gratuita para dois Irmãos no Instituto de Surdos-Mudos, a fim de que se formassem para este trabalho. (Cf. Carta no 196)

A resposta não lhe foi dada, mas o Padre também não se preocupou, visto que a cidade de Saint-Etienne não tinha pedido formalmente, só fizera uma sondagem; também não havia no momento Irmãos disponíveis que pudesse mandar fazer o curso.

Em 1838 (cf. Carta no 320), o Padre Champagnat recebe uma carta de Paris (cf. Carta no 235), perguntando: O senhor persiste na intenção de matricular dois Irmãos no Instituto de Surdos-Mudos de Paris?- Sim, tanto que logo escreveu ao Barão Rendu, Presidente da Administração do Instituto Real de Surdos-Mudos, solicitando sua intervenção, no sentido de conseguir a tal matrícula. Não sabemos se teve resposta.

Um ano depois, a cidade de Saint-Etienne oficialmente pede Irmãos para a mesma instituição. O Padre champagnat responde que precisa formar os Irmãos para esse apostolado. Daí o motivo das duas cartas que seguem, (cf. Carta no 320 e 321, a Gérando e ao conde Bastard dEstang.

Desta vez, foi concedida a matrícula (cf. Carta no 334) mas… e aqui, consultando o Irmão Avit (cf. Abrégé des Annales, p. 249), encontramos o final desta história: Saint-Etienne, apressadinha, chamou os Irmãos das Escolas Cristãs. Para nós não deu em nada!

A título de informação: “Na Província do Pará em 1840, uma lei autoriza o governo a comprar a tradução do Curso Normal do barão De Gerando, tantos exemplares quantos carecerem as escolas de ensino primário”. (Cf. Primitivo Moacyr. A instrução e as Províncias, I São Paulo: C. E. Nacional, 1939, p. 75)

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Daprès la minute, AFM, RCLA 1, p. 171, nº 215, éditée dans CSG, 1, p. 314

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