Meus caríssimos Irmãos,
Aproveito da ida do Padre Superior Geral a Belley, para escrever-lhes e testemunhar que a dedicação de vocês em servir os Padres alegra toda a Sociedade. Vocês não devem limitar-se a uma simples troca de indumentária, que nada altera a situação. Nem por isso vocês deixarão de ser considerados Irmãozinhos de Maria de lHermitage.
Tudo o que pode contribuir para estreitar os laços entre os dois ramos está perfeitamente de acordo com nosso modo de ver e com os planos da Providência. Demonstrem ao Padre Superior que vocês se entregam em suas mãos, assim como fizeram os Irmãos de Lião, e como sempre procederão os verdadeiros filhos de Maria.Continuo recomendando-me às suas fervorosas preces e sou, em Jesus e Maria, seu devotado pai e servidor,
Champagnat.
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Notas
Esta é uma carta de animação para os Irmãos que se ocupam mais de trabalhos caseiros, a serviço dos Padres Maristas de Belley, do que de aulas e de educação de meninos. Os Maristas formados pelo Padre Champagnat, como o Irmão Timothée e outros, serviam os Padres juntamente com Irmãos Coadjutores, denominados de Irmãos José. E, naturalmente surgiram algumas divergências entre eles, a começar pelo hábito ou batina. Não só isso: pior era uma certa discriminação entre as duas categorias. Os Irmãos José não podem aspirar a ser Irmãos Maristas. Os Irmãozinhos de Maria, estes sim, podem passar a ser Irmãos José”. O serviço destinado a cada um deles é que fará a distinção. (Cf. O. M. I Doc. 345, 2 p. 784)
O Padre Colin (ainda segundo O. M.), escreveu ao Padre Champagnat, aos 8 de abril de 1832: Não convém que os Irmãos destinados aos serviços caseiros nos Colégios e em outras casas da Sociedade de Maria vistam do mesmo jeito que os Irmãos que se dedicam ao ensino e educação. O hábito deles tem que ser uma indumentária simples e mais conforme com o serviço que desempenham. Mais outras normas do Padre Colin, datadas de 7 de janeiro de 1835: Parece-me também que seria melhor que os Irmãos ocupados em serviços caseiros não usassem rabá e que, em vez de cruz no peito, levassem o terço pendurado no cordão.
Os Irmãos formados em lHermitage não gostavam nem um pouquinho dessas discriminações. O Irmão Timothée era um deles; não queria ser chamado de Josefita. Quando estava se debatendo contra esta mudança, ficou muito doente, atacado por um tumor resistente a todo e qualquer tratamento.
Em desespero de causa, fez uma novena a São José e prometeu que se ficasse curado, ficaria na Sociedade de Maria e consentiria em ser chamado de Irmão Josefita. Sentiu-se curado instantaneamente.
É neste contexto que será lida a carta.
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Tirée dun carnet de Frère François, AFM, 505.17, p. 426