Carta de Marcelino – 173: Monsieur Antoine Nicolas Salvandy

Excelentíssimo Senhor Ministro,

Seu apreço tão sabido felizmente, por tudo quanto se refere ao bem público, a proteção com que V. Excia. honra os que desejam contribuir para esse bem, me autorizam a crer que o senhor aceitará de bom grado a liberdade que tomo de novamente trazer à sua lembrança o pedido dos Irmãozinhos de Maria, no qual indicávamos os motivos principais que estão a exigir um despacho sem demora.

Mais de um mês já se passou desde que saí de Saint-Chamond. Por carta estabeleci contatos com a casa principal, mas um tal meio de acompanhamento de pouco me adianta para me certificar das conseqüências de eu estar fora.

Os sacrifícios que houvemos por bem impor-nos para proporcionar de maneira menos dispendiosa o benefício da instrução à classe numerosa e tão prestimosa das populações rurais, nos têm permitido viver, mas com parcimônia.

As despesas ocasionadas pela minha estada em Paris correm às minhas custas, e minhas economias estão para se esgotar dentro em breve. Neste ano, vários dos Irmãozinhos de Maria se acham em idade de serem chamados para o serviço militar. A impossibilidade em que estamos de poder isentá-los do serviço antes de estarmos legalmente autorizados, me faz recear que estes sejam outros tantos membros subtraídos ao trabalho tão importante da instrução pública.

O bispo Dom Pompallier, que a augusta Família Real se dignou favorecer com seus benefícios e honrar com as demonstrações mais lisonjeiras de sua benevolência, partiu há mais de um ano para as Ilhas numerosas da Oceânia Ocidental, para levar àquelas populações a civilização dos Franceses e suas crenças. Acaba de chegar felizmente a seu destino. Apoiado na promessa que lhe fiz, reclama ele com insistência uma leva de Irmãos para que vão, juntamente com ele, partilhar os trabalhos arriscados dos quatro outros que lhe cedi quando de sua partida.

Estou consciente do quanto esta missão, aberta em tão vastas regiões, pode oferecer de esperança à religião e à nossa França, mas como haveremos de auxiliar tão generoso empreendimento, se eu não conseguir sem detença o meio de me fazer chegar outros candidatos e de conservar os que acabam de ser formados?

Eis aí, senhor Ministro, as principais razões que me impelem a solicitar de V. Excia. o favor de apressar o despacho do meu pedido. Ao mesmo tempo que as exponho à sua consideração, estou satisfeito de submetê-las à sabedoria de seu julgamento. Multiplicá-las seria olvidar a importância e multiplicidade de suas ocupações; expô-las mais demoradamente seria desconhecer as eminentes qualidades que tornam V. Excia. digno do lugar que está honrando tanto quanto V. Excia. é honrado pelo lugar.

Digne-se, Senhor Ministro, acolher os sentimentos de profundo respeito com que tenho a honra de ser, de Vossa Excelência, o mais humilde e obediente servidor,

Champagnat,

Sup. d. Irs. M.

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Notas

O Padre Champagnat já está vendo que as tentativas para que o processo seja concluído não estão contribuindo em nada para o andamento do mesmo. Apesar das muitas visitas e promessas de políticos e simpatizantes, tudo parece voltar à estaca zero.

Ele então expõe ao Ministro da Instrução Pública as vantagens para a educação primária, os sacrifícios que os Irmãos estão fazendo para acudir às necessidades dos mais humildes, tudo enfim que possa contribuir para decidir o Ministro a agir prontamente.

A máquina administrativa continua, porém, emperrada; nem o louvor às eminentes qualidades do ministro conseguem destravá-la.

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Daprès lexpédition, A.N. (F. 17, PFM), photocopie AFM, 113.29

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