Notre Dame de lHermitage, 30 de outubro de 1837.
Senhor Pároco,
De acordo com os dizeres de uma carta do Padre Vernet, superior dos Irmãos de Viviers, escrita ao Arcebispo de Lião da parte do bispo de Viviers, nossos Irmãos seriam causa, nessa diocese, de um desentendimento desagradável e vergonhoso para a religião. Em vista do que, o Padre Vernet manda pelo Padre Cattet dizer ao senhor Arcebispo que nos interdite o Vivarais.
Temos na diocese de Lião várias localidades que estão aguardando Irmãos, com impaciência. Os senhores Vigários Maiores (Grands Vicaires), segundo esta carta, já prometeram Irmãos de sua paróquia a um prefeito dos arredores de Lião que os solicita, faz tempo.
Além da diocese de Lião, as de Belley, de Grenoble, do Puy, de Clermont, – em uma palavra, de todos os recantos da França – estão pedindo Irmãos.
Nosso grande princípio é ficarmos firmemente unidos ao episcopado. Por isso, temos pressa em satisfazer o pedido de seu digno Bispo, que sem nenhuma dúvida, tem excelentes razões para proceder deste modo. Queira, pois, senhor Pároco, avisar o senhor Prefeito. O senhor precisa arrumar um professor para a sua escola. Bem que eu gostaria de agir diferente. Estou avisando meus Irmãos de não começarem as aulas e de não fazerem provisão de nada, a menos que seu bispo dê uma autorização por escrito, a fim de que seja apresentada ao nosso Arcebispo.
Tenho a honra…
Champagnat
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Notas
Para atender ao desejo que lhe estava sendo manifestado pela autoridade diocesana, o Padre Champagnat dá imediatamente ordem aos Irmãos de Boulieu e de Peaugres de aprontarem as malas. Pede que dêem ciência da partida aos respectivos prefeitos.
Na verdade os Irmãos não tiveram que sair nem de uma nem de outra destas localidades. A ordem deve ter sido revogada após a intervenção do próprio bispo de Viviers.
A questão de Viviers.
As três cartas que seguem tratam do mesmo assunto: a questão de Viviers. O Padre Vernet, superior dos Irmãos da Instrução Cristã, em 20 de novembro de 1837, mandou uma carta ao Padre Cattet, Vigário Geral de Lião, pedindo-lhe que desse ordem aos Irmãos de lHermitage de não mais porem o pé na diocese de Viviers.
Não temos esta carta, explica o Irmão Paul Sester. Assim, pois, nem o Padre Champagnat ficou sabendo que razões imperiosas teriam movido o Padre Vernet a fazer tão estranho pedido. Só por alusões feitas aos textos que seguem é que se poderia suspeitar de alguma acusação contra nossos Irmãos: Nossos Irmãos estariam causando na diocese de Viviers um impacto desagradável, até mesmo vergonhoso à religião…
De que escândalo estariam sendo acusados?!.
O que se sabe é que desde vários anos, antes portanto do fatídico 1837, o Padre Vernet vinha lutando com dificuldade para manter sua obra. Afastou da diocese o Padre Rivière, que tinha colocado à frente dos Irmãos da Instrução Cristã e determinou que nenhum eclesiástico se metesse mais na irmandade, como superior nem mesmo como membro. Ela devia ficar inteiramente leiga. O Superior Geral seria um dos Irmãos.
De repente, caiu como uma bomba nas mãos do Padre Champagnat o estranho pedido de retirar os Irmãos da diocese de Viviers. Que raro exemplo de humildade e de submissão à autoridade diocesana demonstrou o Padre Champagnat nesta tempestade!
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Daprès la minute, AFM, RCLA 1, p. 63, nº 67; éditée dans AAA pp. 224-225