Carta de Marcelino – 131: Monsieur

Mui honrado senhor Tripier,

Dentro de poucos dias, terei necessidade de viajar para Couzon. Não fosse isso, teria correspondido imediatamente a seu convite e, como se costuma dizer, teria podido matar dois coelhos de uma só cajadada. Assim como o senhor, também eu lastimo as guerrilhas que estão fazendo em Neuville contra nossos Irmãos. Diga a eles, por favor, que essas pequenas contradições em nada diminuem a recompensa que devem esperar do céu. Digo pequenas contradições, porque tudo aquilo que não é pecado é coisa pouca. Penso que, com um pouco de paciência, tudo acabará.

No que diz respeito ao magasin, meu parecer é que deve ficar somente com os Irmãos, ou então trocá-los de moradia. O Irmão Jean-Baptiste a quem falei sobre o caso, pensa como nós. Seria até desejável poder distanciar mais os dois estabelecimentos, em vez de falar de aproximá-los. Em suma, aprovo perfeitamente seu parecer, como o do Irmão Bruno.

Acho também que o Vigário Geral Padre Cattet e o senhor pároco vão ter a mesma opinião.

Bem que nossa escola de Neuville tinha necessidade de um homem como o senhor, gente que não recua diante de nada, gente que sabe passar por cima das dificuldades e preveni-las.

Digníssimo fundador da escola de Neuville, queira receber meus sinceros agradecimentos, esperando que consiga uma justa recompensa da parte de Deus! Tenho a honra de ser, com todo respeito, seu dedicado servidor,

Champagnat

P.S. Eu não me oporia a que os Irmãos, ao mesmo tempo que tomam seu descaso, prestassem algum serviço à igreja.

Notre Dame de lHermitage, aos 9 de agosto de 1837.

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Notas

O senhor Tripier escreveu ao Padre Champagnat pondo-o a par de uma intriga movida contra o Irmão Bruno e os Irmãos de Neuville. Este cidadão era dono de uma construção que o povo chamava de magasin (armazém), contíguo à casa das Irmãs de São Carlos. Estava a serviço da escola dos Irmãos que lá faziam funcionar duas salas de aula, uma capela e um dormitório, bastante vasto, para internos.

As Irmãs queriam ocupar este magasin para o serviço pastoral que exerciam. Pediram ao Vigário Geral Padre Cattet que as ajudasse a conseguir aquela ocupação. Por trás delas e do Vigário Geral manobrava o pároco Padre Chirat, a favor das Irmãs.

O Irmão Bruno, Diretor da escola de Neuville se opôs ao que pretendiam as Irmãs. O senhor Tripier também não concordava com a transferência. Foi falar com o Pe. Cattet: “Então o senhor quer entregar às freiras uma casa que é minha e que eu dei aos Irmãos!? Isso é idéia liberal” (da Revolução Francesa). Escreveu ao Padre Champagnat para defender o Irmão Bruno, que tinha sido apontado às autoridades eclesiásticas como sendo o articulador da oposição às Irmãs.

Depois de conferenciar com o Irmão Jean-Baptiste que fora o Diretor de Neuville de 1826 a 1830, o Padre Champagnat escreve ao senhor Tripier a carta que segue.

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Daprès la minute; AFM RCLA 1; pp. 52-53; nº 51

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