Revmo. Vigário Geral,
O estabelecimento de Perreux que o senhor nos recomenda com tanta insistência e que, efetivamente sob mil aspectos, merece nossa atenção, só tem por enquanto projetos no ar. Fala-se em duas casas que, justapostas uma à outra, não poderiam conter a metade dos alunos; nem falo de moradia para os Irmãos. Visitei em companhia dos senhores de Perreux todas as casas que se julgava pudessem servir provisoriamente; nenhuma serviria, sem antes passar por reparos consideráveis.
Vamos ao assunto monetário. Falaram-me de sobra de recursos, de meios, mas nada me foi mostrado de concreto.
Resolvemos, e até assentamos no papel, não abrir nenhum estabelecimento nestas condições; isto, no interesse de nossa casa e também para o bem dos municípios que nos solicitam.
Precipitar-se é fazer fracassar completamente um estabelecimento. Peço-lhe, senhor Vigário Geral, que não leve a mal se diferirmos de alguns meses a abertura deste estabelecimento, mesmo porque nada está pronto ainda, ao passo que temos uma porção de pedidos para lugares já totalmente aparelhados.
Digne-se aceitar o testemunho do meu justo reconhecimento pelo interesse que V. Rvma. manifesta para conosco, e creia-me sempre seu respeitoso e mui dedicado e obediente servidor,
Champagnat
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Notas
O Padre Cattet tinha escrito ao Padre Champagnat, aos 7 de maio, apresentando o pedido do pároco de Perreux que, auxiliado por uma senhora generosa, projetara abrir uma escola. Seria uma fundação. Fazia doze anos que o bondoso e venerando Padre Fleury queria fundar uma escola católica para meninos. Acrescentara o Padre Cattet: “Cá entre nós,. o pároco de Perreux é a melhor pessoa do mundo mas não tem jeito para lidar com as coisas.” Na carta de Champagnat adivinha-se o motivo de sua demora em responder.
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Daprès la minute, AFM, RCLA 1, p. 48-49, nº 45