Não é de se admirar, meu caro Breuil, que os padres aos quais você recorreu para falar do pagamento do noviciado de seu filho, tenham decidido a seu favor. Claro, você só falou do seu lado. Não se pode julgar corretamente uma causa sem ouvir os dois lados, daí a máxima: não condenar ninguém sem antes ouvi-lo.
Portanto, seja o que for o que lhe tenham dito, nem por isso deixa de ser verdade que você nos deve e que temos direito de sermos ressarcidos pelos gastos feitos por seu filho em nossa casa. Ele veio para tornar-se religioso e nós o recebemos como noviço, não como pensionista. Foi baseado nisto que entramos em acordo.
Quanto à convocação para o serviço militar, teríamos feito para ele o que fazemos para os outros, ainda não deixamos ir embora nenhum de nossos Irmãos. A que é que se deve atribuir então a aspereza dos termos em que você escreve? Temos conceito alto demais de sua probidade para pensar que você não vai levar em conta nossas justas ponderações. Ficaríamos aborrecidos se com isso o estivéssemos ofendendo, queremos estar sempre de bem com todo mundo.
Aceite nossas afetuosas saudações.
p/ M. Champagnat, nosso superior
Irmão François
Notre Dame de lHermitage, 12 de maio de 1837.
P.S. Ficamos tristes ao saber que um hábito religioso foi usado para fins profanos. Todos os que se retiram de nossa casa fazem questão de devolver intato o santo hábito.
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Notas
O filho do senhor Louis Brenil tomou o hábito marista aos 28 de maio de 1835. Da contribuição que todo noviço devia pagar ao entrar no noviciado, ele só pagou 100 francos, ficando a dever 300 francos, mais outros gastos que tinha feito.
Como se retirou após curta permanência, o pai ou o jovem deveria saldar o resto da dívida prevista pelos estatutos. Mas o pai, baseado no parecer do pároco, acha que não precisa pagar o resto.
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Daprès la minute, AFM, RCLA 1, p. 39 nº32