Senhor Pároco,
Que nossos Irmãos estejam seguros de ter moradia e um salário de 1.200 francos para os três, que se cuide da mobília deles, que, na medida do possível, tenham um quintalzinho: são essas as condições, senhor pároco, para que estejamos dispostos a fazer todo o possível para continuarmos a manter este estabelecimento, e lhe dar satisfação sob todos os pontos de vista. As vantagens que o seu estabelecimento proporciona à nossa Instituição são bem concretas e conhecidas, para que ainda hesitemos.
Mas, dê o senhor aos Irmãos das Escolas Cristãs um local aprazível, um salário garantido; e, por outro lado, ponha nossos Irmãos em uma casa em que tenham que pagar o aluguel, manter a mobília; em um lugar em que tenham que enfrentar as contingências e as incertezas de uma escola paga. Julgue o senhor mesmo se a luta de uns e de outros pode ter comparação.
Queira, por favor, senhor pároco, examinar os recursos que nos oferece; depois, dê-nos a conhecer a sua decisão. Só agirei em consonância com a resposta com que houver por bem nos honrar.
Aceite a confirmação de grande consideração com qual tenho a honra de ser seu dedicado…
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Notas
Fundada em 1833, a escola de Saint-André caminhou cedo para franco progresso. Dois anos depois, o Padre Guttin, pároco de Saint-Maurice, outra paróquia da mesma cidade de Viena da França, pediu Irmãos. Não foi atendido, por não se encontrar uma casa de moradia para os Irmãos. Contrariado com a recusa, o Padre foi bater à porta dos Irmãos das Escolas Cristãs. Estes, apenas instalados, battirent la grosse caisse”, fizeram grande propaganda para angariar alunos. Queriam aumentar as matrículas, com isto a escola dos Irmãos quase se esvaziou. Acabou fechando em 1837.
O Padre Gilloz queria conservar os Irmãos que estimava sobremaneira; mas, por outra valeu-se do aperto por que passavam para ver se conseguia que deixassem por menos o pagamento que lhes era devido. Com isso, pensava ele enfrentar a concorrência. Champagnat compreendeu esta espécie de chantagem e não deu o braço a torcer. Vejamos:
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Daprès la minute AFM, RCLA, 1, p. 10, nº XI