Carta de Marcelino – 059: A S. M. le Reine Marie-Amelie

V.J.M.S.J.

Grande Rainha,

Esta carta tem por finalidade rogar a Vossa Majestade se digne sugerir a Sua Majestade Louis Philippe que sancione por um Decreto a autorização que o Conselho houve por bem conceder a Sociedade dos Irmãos Maristas, aprovando seus Estatutos, transcritos no Manual Geral de Instrução Primária, no 6, do mês de abril de 1834.

Quatro dos supraditos Irmãos estarão sendo atingidos pelo sorteio de 1835. Não temos outros meios de eximi-los.

Sua grande devoção a Maria, o real afeto de seus antepassados à Mãe de Deus, o começo deste mês consagrado a honrá-la, tudo isso me dá muita confiança. Todos os nossos Irmãos estarão unidos a mim durante este mês para o feliz desfecho dessa questão e para a prosperidade de sua casa.

Caso Vossa Majestade queira conhecer nossos estatutos, mando-os com uma pequena explicação preliminar sobre as razões principais que me animaram a fundar esta Sociedade de Irmãos para o ensino.

1o) Elevado à dignidade sacerdotal em 1816, fui enviado a um município do cantão de Saint Chamond (Loire). O que constatei com meus próprios olhos nesta nova situação, com relação à educação dos jovens, me lembrou as dificuldades que, por falta de professores, eu mesmo experimentara na idade deles.

Apressei-me então em executar um projeto que havia formado de fundar uma associação de Irmãos professores para os municípios rurais, cuja penúria não lhes permitia ter os Irmãos das Escolas Cristãs. Dei aos membros da nova Sociedade o nome de Maria, persuadido de que bastaria este nome para atrair um bom número de candidatos. Apesar da falta de recursos materiais, tivemos logo um bom resultado, o que justificando minhas conjecturas, superou minhas expectativas.

2o) Em 1824, auxiliado por Dom De Pins e por pessoas de bem da região, construí uma casa para o noviciado. Atualmente a Sociedade conta com cento e quarenta membros, dos quais oitenta trabalham como professores numa porção de municípios. Temos muitos pedidos de novos estabelecimentos, para logo que tenhamos mais candidatos formados. Se o governo nos autorizar, estará contribuindo de maneira especial para o nosso desenvolvimento. Isto será de grande proveito para a religião e a sociedade.

Queira desculpar a confiança que me leva aos pés de Vossa Majestade e aceitar a expressão dos sentimentos do meu profundo respeito, com os quais sempre estarei, grande Rainha, a seu inteiro dispor na qualidade de súdito humilde, obediente e leal.

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Notas

Nos começos de maio de 1835, tendo já escrito ao Rei Louis-Philippe (Cf. Carta no 34), Champagnat se dirige também à Rainha Marie Amélie. Com os deputados, com o Ministro, com o próprio Rei. Nada! Quem sabe possa a Rainha interceder mais eficazmente junto aos poderes públicos para, finalmente, conseguirmos isentar nossos Irmãos do serviço militar. Na resposta, comunicando a decisão negativa, o ministro Guizot começa dizendo: “O placet (petição) que o senhor dirigiu à Rainha foi-me encaminhado por S. M. como algo da competência do meu ministério: 4/9/1835.

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Daprès un brouillon, dans AFM, 132.1 pp. 47-49; édité dans CGS, I, p. 193 et dans AAA, p. 169

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