Carta de Marcelino – 011: Monsieur Simon Cattet

O interesse que o Senhor demonstrou até hoje pela Obra de Maria me anima a tentar novas solicitações para o seu crescimento. Enquanto os conluios, que só têm em vista o mal, se fazem com tanta facilidade, por que será que as reuniões que só aspiram à glória de Deus sempre esbarram com dificuldades insuperáveis?

Faz quinze anos que estou comprometido com a Sociedade de Maria, cujo crescimento está nas mãos do senhor. Em momento algum duvidei que Deus queria esta obra, nestes tempos de incredulidade. Rogo-lhe que me faça saber que esta obra não é de Deus, ou então queira favorecer cada vez mais seu desenvolvimento.

A Sociedade dos Irmãos não pode de jeito nenhum ser considerada como a Obra de Maria, mas apenas como um ramo acrescido da mesma Sociedade.

Teríamos necessidade de mais uma pessoa para o bom andamento da administração da obra dos Irmãos, que já começa a deslanchar.

Permita-me que lhe lembre agora, cá entre nós, a promessa que me fez de me enviar todos os candidatos que se encaixassem em nossa obra, e que, portanto, nada mais exigiriam do que a roupa e a comida. Tenho em vista vários que apresentam esses requisitos: Os senhores R. N. Esperando que cheguem, digo-lhe que este último seria muito bom para o economato de nossa casa.

O Padre Séon, o senhor bem sabe, administra o lado espiritual da casa, também se ocupa de nossa fabricação de fitas (de seda); ajuda de vez em quando nas paróquias vizinhas, com as quais queremos ter boas relações, como o senhor sabe.

O Padre Bourdin coordena as aulas dos noviços, a escrita, as contas, o canto, o catecismo, o fornecimento de livros às escolas e toma conta da capelinha.

Quanto a mim, estou encarregado da visita às escolas, do exame dos meninos que as freqüentam, da correspondência, dos ajustes a estabelecer com os municípios, das transferências dos Irmãos, da aceitação dos noviços que se apresentam; numa palavra, do bom andamento em geral e em particular de todas as fundações.

Só posso reservar para a parte material da administração um tempo muito insuficiente, sem poder fazer nada para as escolas que gastam sem critério.

Ciente de que o senhor agora está a par de minha situação, deixo a seu critério o cuidado de nos ajudar, de acordo com o que Deus e a Boa Mãe o inspirarem.

Se o senhor nos mandar alguém, daremos graças a Deus; se julgar que isto não é oportuno, diremos que seja feita a vontade de Deus. Farei sempre o possível para cumprir a vontade de meus superiores, a quem muito amo e estimo e que jamais esquecerei.

Tenho a honra

_____________

Notas

O Padre Champagnat escreveu ao Padre Cattet para pedir mais um Padre para LHermitage. É que o Instituto começava a se organizar melhor. Sabemos que a partir de 1829 foi estabelecida uma secretaria e deu-se a abertura de um Livro de Atas.

Outra razão ainda para este pedido: o Padre Champagnat tinha a intenção de reunir em torno de si um pequeno núcleo da Sociedade de Maria, como dá a entender no começo da carta. A este núcleo estaria agregado o Instituto dos Irmãos que, na opinião de Champagnat, devia continuar como sendo um ramo da Sociedade de Maria.

_____________

Daprès lautographe, AFM 132.2, pp. 174-175; édité dans Vie, pp. 234-235; OM, 1, pp. 451-453

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima
This site is registered on wpml.org as a development site. Switch to a production site key to remove this banner.