Le Hâvre, 10 de dezembro de 1836.
Pensais que esteja longe, no Oceano, mas eu e meus colaboradores ainda não saímos do Hâvre. Os ventos, até agora, foram inteiramente contrários. Esperamos que Deus os concerte para o nosso desígnio. Rogamos-lhe esta graça, porque estamos ansiosos por embarcar para cumprirmos a nossa santa missão. Acrescentai, por fineza, as vossas orações às nossas e às dos caros Irmãos. Nossa Senhora de lHermitage é muito poderosa.
Recebestes carta minha de Paris? Nela havia-vos posto a par das minhas diligências para a autorização dos nossos Irmãos. Falastes com o Pe. Cholleton acerca disto? As coisas estavam muito avançadas. Pena que não pude continuá-las. Depois que D. Gaston de Pins, o Pe. Cholleton e vós recebestes as minhas cartas, era preciso escrever ao Ministro da Instrução Pública, para agradecer-lhe a benevolência, pois se podia considerar certa e próxima a obtenção da autorização real. Sua Excelência deveria ter-se encarregado da carta, ou então vós, mas com a subscrição de Sua Excelência. Fez-se assim? Numa palavra, como está o assunto? Como me alegraria com o êxito, por causa do bem da religião e dos nossos bons Irmãos. Dai-me ainda novas vossas antes do embarque; causar-me-íeis muito contentamento.
Numa dessas cartas, tinha-vos pedido que dissésseis mil coisas a tantas pessoas. Pudestes fazê-lo? Como vai Valbenoîte?
Aqui, enquanto se espera vento favorável que nos permita velejar, somos muito solicitados nos domingos e festas; os párocos nos convocam para que contribuamos em favor dos seus rebanhos. Sem adeus, porque estamos na França; quiçá estaremos ainda até o fim de dezembro. Sem adeus, também quando velejarmos para a Oceânia.
Todos os padres missionários e os Irmãos vos apresentam o seu respeito e adesão em Jesus e Maria; nesses sagrados corações também estou, com muita afeição, reverendo padre, como o vosso muito humilde e obediente servidor, POMPALLIER, bispo de Maronée e vigário apostólico da Oceânia ocidental.
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Notas
D. Jean-Baptiste Pompallier, coordenador do primeiro grupo missionário marista que partiu para a Polinésia, desde o dia 12 de novembro estava no porto do Havre, norte da França, aguardando para embarcar na corveta Delphine, um veleiro que dependia dos bons ventos para zarpar. A longa travessia oceânica teve início apenas no dia 24 de dezembro. Durante o tempo de espera escreveu esta carta ao Pe. Champagnat, comunicando as últimas diligências que havia feito em Paris, para a aprovação do ramo dos Irmãos Maristas. Este texto e o apêndice do documento seguinte (ver Carta 102) são as duas últimas comunicações que temos de D. Jean-Baptiste Pompallier, dirigidas ao Fundador. Certamente ele escreveu outras vezes, mas os textos foram perdidos. Por exemplo, a carta do Pe. Champagnat do dia 27 de maio de 1838 é resposta à missiva do Bispo Pompallier, vinda da Baía des Iles, na Polinésia, texto não conservado (Lettres, doc. 194).
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AFM 126.10